quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Mitos e verdades sobre o primeiro ano do bebê

Descubra quais conselhos e recomendações valem à pena - e aqueles que você pode esquecer
Thais Lazzeri
Desenvolvimento

Se eu conversar bastante com meu filho, ele vai aprender a falar antes do tempo
Mito. Para que isso aconteça, a criança precisa alcançar uma determinada maturidade, relacionada com a idade, no hemisfério esquerdo do cérebro, ligado à área da comunicação. Ou seja: espera-se que com 1 ano ele vá brincar com sons e balbuciar, e com 2 anos reconhecer cerca de duas mil palavras. Mas essas conversas com o bebê envolvem outros benefícios, segundo Marta Pires Relvas, neurobióloga e psicopedagoga, professora de neurociência e aprendizagem da Faculdade Integrada AVM (RJ). Eles vão interagir mais com outras pessoas e até objetos, e há um ganho no aprendizado de palavras corretas – falar em nenenês nem pensar.

Bebês não sabem nada. É preciso ensinar tudo

Mito. “O desenvolvimento da criança não vem com uma tela branca”, afirma Mauro Muszkat, neurologista, coordenador do núcleo de atendimento neuropsicológico infantil interdisciplinar do departamento de psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo. A criança nasce reconhecendo fonemas da língua, possui um sentido refinado para música, tem noção de profundidade, textura etc. Mas todo estímulo, com um vínculo de prazer e de carinho, é bem vindo e superimportante para o desenvolvimento do seu filho.

Tudo bem colocar o bebê sentado no sofá, mesmo que ele ainda não consiga fazer isso sozinho

Verdade. Isso não atrapalha em nada, mas também não pense que ele vai aprender a sentar antes do tempo. Para que isso aconteça, ele precisa de uma maturidade neurológico, que avança junto com a idade. A criança consegue sentar sem apoio a partir de 4 meses, e com 6 meses é capaz de fazer sozinho. Se você quiser fazer o teste antes disso, fique de olho na carinha dele para ver se a posição não o deixa desconfortável.

Ele só vai dormir bem depois do primeiro ano

Mito. A maioria das crianças é capaz de dormir bem muito antes disso – alguns pediatras afirmam que bebês com dois meses conseguem descansar a noite toda. “Cada bebê é diferente de outro, e muitos dormem tranquilamente desde o principio”, afirma José Martins Filho, pediatra, ex-reitor da Universidade Estadual de Campinas (SP) e autor de Lidando com Crianças, Conversando Com os Pais (Ed. Papirus). A melhor maneira de garantir uma boa noite de sono é mantendo uma rotina para o bebê. A partir do final da tarde, não faça brincadeiras que o estimulem demais. É legal criar um ritual para a hora do sono: você pode dar um banho, ler uma história etc. Coloque-o no berço sempre no mesmo horário. Se preferir, espere até que ele adormeça para sair do quarto. Se ele acordar, volte e acalme-o sem tirá-lo do berço. Assim, ele aprende que ali é o lugar dele dormir, e sabe que você vai estar por perto se precisar.

Amamentação e saúde

Não adianta colocar linha vermelha na testa para dar fim ao soluço

Verdade. Por mais que você fique angustiada em ver seu filho soluçando, linha vermelha na testa não vai funcionar. O soluço, que segundo os médicos não é um desconforto para os pequenos, passa naturalmente. Na maioria das vezes, esse sintoma aparece porque o nervo frênico, que aciona os movimentos do diafragma (músculo responsável pela respiração), fica irritado e provoca um espasmo no diafragma. Uma explicação para o uso da linha pode estar na medicina chinesa: esse ponto, que fica entre as sobrancelhas, na direção do nariz, é usado na acupuntura para acalmar uma pessoa.
Fontes: Alessandro Danesi, pediatra do Hospital Sírio libanês (SP); Ana Paula Moschione Castro, pediatra e alergista, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas (SP); Bárbara Pauletti, enfermeira do berçário da maternidade Pró-Matre (SP); Maria Cristina Senna Duarte, pediatra, especialista pela Sociedade Brasileira de pediatria; José Martins Filho, pediatra e ex-reitor da Universidade Estadual de Campinas (SP); Mariana Tichauer, psicóloga clínica e terapeuta familiar, há 12 anos na área, da clínica Multidisciplinar EDAC; Marta Pires Relvas, neurobióloga e psicopedagoga, professora de neurociência e aprendizagem da Faculdade Integrada AVM (RJ); Nilton Kiesel Filho, pediatra, coordenador médico da emergência do Hospital Pequeno Príncipe (PR); Mauro Muszkat, neurologista, coordenador do núcleo de atendimento neuropsicológico infantil interdisciplinar do departamento de psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo; Robson Frederico Cunha, odontopediatra, do departamento de odontologia infantil e social da faculdade de odontologia de Araçatuba – UNESP.

Retirado do site da Revista Crescer às 08h:13min da manhã, horário local, do dia 23/01/2012: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI268479-10588,00-MITOS+E+VERDADES+SOBRE+O+PRIMEIRO+ANO+DO+BEBE.html